Nova resenha do livro Amor, de André Sant’Anna
Em retrospectiva do canal Sebo Velho, o psicólogo Emanuel analisa um livro publicado pela editora Madame Psicose e exibe outro em destaque
No canal Sebo Velho, o psicólogo Emanuel fez uma bela resenha do livro Amor, de André Sant’Anna, que deu o pontapé inicial na editora independente Madame Psicose. Além disso, outro título da casa aparece no vídeo: Meridiano infinito: notas de Foster Wallace sobre Cormac McCarthy, assinado pela professora gaúcha Mariana Carolo.
Assista ao vídeo abaixo, na íntegra, e garanta um exemplar da reedição do livro de estreia de Sant’Anna. É sempre bom lembrar como uma iniciativa independente, que aliás não cobra para publicar seus autores, depende de vendas para não bambear as pernas.
Amor, de André Sant’Anna
O monólogo tresloucado de Amor, publicado de forma independente há 25 anos, é francamente repugnante – a cara da Madame Psicose. Por meio de uma dicção recursiva, cacofônica, o narrador põe toda moralidade em xeque ao encarar Deus e o mundo pela chave da violência – coisa que o ser humano não cansa de reforçar. É um deboche tão cru que inspirador, acompanhado de ilustrações coloridas em páginas duplas (feitas no Paint, no século passado, pelo autor), sem perder de vista toda influência da cultura pop na visão de mundo do homem contemporâneo – banhada em sangue e merda, necessariamente, que é mais ou menos como dá para encarar a condição humana: um violento intervalo entre nascer e morrer, sem o menor sentido, recheado de caos, bocetas (seja ou não a da rainha da Inglaterra), paus de príncipes e atores de cinema, criancinhas pegando fogo, terroristas cortando cabeças, geração incessante de carbono e uma montoeira de fezes. Segundo o narrador do Sant’Anna, claro, responsável por um turbilhão catártico de ideias distorcidas. Duvido que você saia dessas páginas sem ter compreendido um pouquinho mais o ridículo da existência. Vai encarar?
Se quiser testar o estômago antes, leia um trecho publicado no jornal de literatura Cândido.