Escritofrenias: contos baseados em diagnósticos psiquiátricos
Rafael Gallo, Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira e o norte-americano George Salis são três dos dezessete nomes convidados para a antologia
Na antologia Escritofrenias, organizada pelo médico psiquiatra e professor universitário Ulisses Rezende Brandão, dezessete nomes do cenário literário nacional e internacional receberam diagnósticos e criaram um conto do zero, em primeira pessoa, a fim de estabelecer uma espécie de ambiente amorfo no qual violência e ternura se complementam. Para completar o conjunto, duas grandes ilustrações em páginas duplas – assinadas por Paula Villa Nova, também responsável pela capa (uma releitura de Bosch com traços à la Basquiat) – são a cereja deste bolo recheado de traumas.
As narrativas breves, focadas na verossimilhança em relação ao diagnóstico atribuído a cada autor, ainda suscitam um jogo lúdico para os leitores: cada um terá de descobrir, por conta própria, qual distúrbio é abordado em cada um dos textos – que vão da comédia pastelão à desgraça absoluta, com interpretações bastante diversas entre si (algumas mais ousadas na forma, outras mais focadas na dramaticidade).
Os autores de Escritofrenias
Alexandre Marques Rodrigues | Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira | Anna Minezzi | Daniel Osiecki | Douglas Cardoso | George Salis (tradução de James Kovalski) | João Lucas Dusi | Lucas Haas Cordeiro | Luiz Felipe Cunha | Manuel João Neto | Mariano Tomasovic | Maurício de Almeida | Luiz Bras | Pedro Lucca | Rafael (Desiderium) | Rafael Gallo | Tatá Zayin
Palavras do organizador
Ao reunir escritores iniciantes e experientes, estrangeiros e premiados, a antologia Escritofrenias – que já sinaliza sua forma ousada desde o neologismo do título – promete ir na contramão de certa produção literária nacional que, na “onda” de imergir em tópicos da saúde mental, soa caricata e é capaz de causar engulhos estomacais nos mais versados profissionais da área.
“Este não é um livro de psiquiatria”, explica Brandão. “Se quiser um manual diagnóstico, um compêndio, uma metanálise, um ensaio duplo-cego ou algum material de estudo, sinto muito, mas não é o que vai encontrar nestas páginas. Aqui terá literatura, e a visão dos artistas convidados sobre o que é e como é a experiência dos transtornos selecionados. A literatura não é o local da avaliação nem da cura. Aqui, a literatura é o sintoma.”